11 novembro 2006

"Não, não vai ser hoje o dia em que conhecerei minha morte. Nem hoje, nem nunca. Morrerei para os outros, sem jamais me ver morrer. [...]

"Não, não vai ser hoje o dia em que conhecerei minha morte. Nem hoje, nem nunca. Morrerei para os outros, sem jamais me ver morrer. [...]

É estranho! Morrerei só: entretanto, minha morte... são os outros que a viverão."

Para a massa, sobram dos gênios a lembrança e a realização dos feitos. Para os amigos verdadeiros a saudade que nunca acaba. Saudade essa que triplicou nesse dia. Hoje foram encontrados e exumados os “restos mortais daquele que ficou imortalizado”.
Uma parte das cartas escritas que só existiam de fragmentos incertos na minha memória foram achadas. Não a carta principal, aquela que me liberta do pesadelo, me alforria da dor, essa, depois de revirar tudo, absolutamente tudo, não a encontrei. Não encontrei a principal, mas achei as periféricas que não saciam a sede, mas dão um pouco de esperança.
O arqueólogo desse feito é o site cache, http://web.archive.org/web/*/http://gordofino.blig.com.br ou clique aqui
Aqui pude lembrar de coisas muito boas, rir olhando pra tela do computador e depois chorar. Agora todo fim de ano é assim pra mim.
Ganhei um presente achando esse site e a maldição também.

Estou falando do Gordo, meu amigo Fabio Gordo faz mais um ano que ele se foi. Faz pouco tempo (ou não), não anotei nem a data nem o ano que ele se foi - é assim que faço com todos que amo e se vão - tento esquecer. Mas esse amigo não dá, ta vivo pra mim. Com ele aprendi a escrever e rir, rir muito.
Eu só sabia escrever coisas engraças, até para o jornalzinho da igreja não foram poucas vezes que fui responsável pela sessão de humor. Mas depois que a saudade ficou nunca mais escrevi nada engraçado. Tudo ficou sem graça, piada de mau gosto. Como diria um amigo meu: “…. melindrei, melindrei bonito..”.

A ler os texto, que fiz questão de gravá-los todos para não perdê-los novamente, o Gordo ressuscitou. Ele escrevia exatamente como falava, pude ouvir sua voz nítida e nós conversando sobre os textos que ele escreveu. Acessar esse site de cache, ativou o meu cache de memória outrora adormecido.
Vi e ouvi-o dizendo: - Cão dos infernos… Fino.. Meninão… bestão….
Assim fiquei feliz por algumas horas enquanto lia e relia seus escritos.

Que magia ele tinha (tem) para conseguir tal proeza de aproximar tanta gente? Que brilho foi esse?
Caio Fábio disse certa vez que para fazer convencer os teólogos idiotas de que um suicida poderia ir para o céu, eu teria que me matar e dando um jeito de voltar transfigurar com os tais. Mas talvez nem assim eles se convencessem.
O gordo adiantou sua ida e não voltou transfigurado, mas quem disse que precisa né?
Nós, seus amigos já sabemos o que nenhuma escavação jamais vai dizer, ou papiro vai provar. Sabemos gordo que vc brilhou com um brlho próprio e me ensinou coisas complexas, que só sua simplicidade pode me fazer compreender.

Trovador urbano, depois que vc se foi não sei mais fazer poesia e estou num apuro danado. Vc diria talvez: - Tá nada fino, vc tá bem pra caramba, deixa de ser burro e teimoso. (rs..rs..rs..rs.r.s)

Como tá escrito no cabeçalho, vc não morreu. Morreu apenas para aqueles que estão vivos. Viverei a sua morte até que a minha morte faça-se vida de novo para você, e esse ciclo acabe com um gostoso abraço que lhe darei.
Para mim isso talvez demore décadas, mas para vc será um segundo ou menos, pois para Deus mil anos é menos que milésimos de segundos.
Assim se faz a justiça, vc não sente saudade de mim, pois no tempo eu já estou no céu com vc, mas eu sinto essa saudade pois estou preso ao tempo ainda na terra.

Saudade meu amigo,

Muita saudade

Fino.

2 Comments:

Anonymous Anônimo said...

Sabe,
Acho que de todas as pessoas que leem os textos por aqui, eu sou a única que não tenha conhecido o Gordo em vida.
Um dia desses isso me angustiou. Moro no bairro que ele morou, tenho amigos que ele teve, e como eu não ter conhecido?
Depois de uma conversa "sobrenatural" que tive outro dia com alguns desses melhores amigos dele e meus melhores amigos depois de sua morte, falávamos sobre ele... fui no orkut dele... as pessoas falando com ele lá... quando me vejo estava conversando com ele também... fiquei chocada...
Sinto saudade desse cara sem mesmo ter conhecido... ah Fábio o dia que estivermos lá deixa eu falar com ele também?
Por favor...

10:55 PM  
Anonymous Anônimo said...

Oi meu amigo, Fino... sumido sempre, que nem encontrei, mas que taí sim, vivo e meio morto, sei lá, porque sumir é tb um tipo de morte, né??
Mas enfim... A gente um dia se esbarra e o bom é que por aqui os encontros podem sempre ocorrer mais fáicl..

E Gordo... Nossa... Muito mais que amigho ele foi pra mim... irmão, descarrego, consoldar, consolo, sorriso, choro, xingo, bebedeira, telefone, CVV, até flor de lótus ele me fez ser no que se chamava limbo... Lembra disso?? E vc meio que dando uma de jardineiro e nem sonhava que o jardim já florescia..
Ahhh, Esse gordo que se fez tão Fábio... esse amigo que se fez tão irmão, que até minha mãe passou a chamar de mãe tb. Ah... amigo que me carregava pelo shopping de cavalinho...
Poutz... É... anos se passarão, mas basta lembrar dessa palavra: Gordo e tudo vem, nada passa, e fica aqui sorrindo e chorando no peito que pulsa saudade...

beijos Fino...

4:43 PM  

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